Nintendo - 21/09/2016

Opinião: As formas Alola são uma das melhores coisas que aconteceram com a franquia Pokémon


Há pouco mais de um mês, era anunciado que alguns clássicos Pokémon da primeira geração ganhariam uma nova forma em Pokémon Sun e Moon. As variações da região de Alola mudam não só o visual, como também o tipo e as habilidades de certos monstrinhos. Por exemplo, agora temos um Sandslash de gelo, cujo formato remete a um iglu, ou então a nova versão pescoçuda de Exeggutor, ganhando uma aparência mais tropical e o tipo secundário de Dragão.

E sabe o que achamos disso? Que essa é uma das melhores ideias (talvez a melhor) aplicadas em Pokémon nos últimos anos. Embora as formas de Alola não sejam unanimidade entre os fãs, daremos alguns motivos para acreditar que os produtores de Sun e Moon acertaram em cheio ao aplicar essa ideia.

Grande e variado mundo
Em 20 anos, Pokémon já se consolida como um grande mundo. Na Pokédex, já são registradas 720 espécies diferentes de Pokémon (sem contar os novos que serão apresentados em Sun e Moon). Parece muito, não é mesmo? Para um único jogo talvez seja, mas quando falamos que um mundo inteiro... bem, 720 não seria nada dentro de medidas tão grandes.

Para efeitos de comparação, não conseguimos simplesmente fazer uma escala do número de espécies vivas no planeta Terra. Nós, humanos, criamos um sistema de classificação para ajudar a identificar os tantos seres existentes. Partimos de "Domínio", que contempla o maior número de seres vivos, e então é feita uma peneira que separa em diversos grupos: Reino, Filo, Classe, Ordem, Família, Gênero e Espécie.

O mundo de Pokémon tem que se orgulhar de trazer novas espécies à vida

Um pássaro, por exemplo, é uma ideia um tanto genérica de um animal. Na verdade, trata-se da ordem dos Passeriformes, abrangendo milhares de aves distintas em sua categoria. No universo de Pokémon, os tipos de cada Pokémon passam uma ideia similar. Por exemplo, um Pidgey e um Rufflet são ambos do tipo Normal/Voador, mas são evidentemente distintos entre si em aparência, atitude e movimentos.

Porém, mesmo dentro de espécies específicas, temos ainda mais separações que desenvolvem uma maior variabilidade. São elas as subespécies, variações que nascem de diferentes condições naturais que envolvem o ser em questão. Se até mesmo um alface possui diferentes tipos, a questão que levantamos é: porque o mundo Pokémon não pode abranger sua

Em Sun/Moon, essa noção é trazida à tona, como por exemplo na criação do Rattata Normal/Sombrio. Para conter a infestação de Rattatas em Alola, os habitantes do arquipélago levaram vários Yunguus para a região, sendo eles predadores naturais do clássico ratinho roxo. Porém, os Rattatas da região se adaptaram a isso e se tornaram criaturas noturnas, podendo evitar o ataque dos Yunguus durante a noite.

Os Yungoos não contavam com a seleção natural!

Ter as formas de Alola ajudam a deixar o mundo Pokémon mais vivo. Não somente em espécies, mas ao termos a impressão de que este universo continua existindo mesmo sem estarmos jogando. Do mesmo jeito que Aerodactyl e outros foram extintos ao longo dos anos, a natureza de Pokémon nos presenteou com essas novas formas, e isso apenas expande a nossa curiosidade quanto ao que ainda não conhecemos da "PokéEcologia".

Efeito nostalgia – e novidade
Existe um pequeno paradoxo que cerca muitos fãs. Vários saudosistas costumam se segurar aos 151 Pokémon dos primeiros jogos – no entanto, trazê-los de volta em uma nova variação acaba gerando críticas de muitos destes jogadores. Isso se deve à ideia de uma intromissão em nossa memória e nosso interior, um ato de mudança que incomoda o conforto de nossos gostos pessoais.

Mas claro, isso passa longe de uma visão geral, uma vez que as Alola Forms partilham das mais diferentes opiniões. Verdade seja dita, muitos fãs realmente se afastaram da franquia ao longo dos anos com a aparição de centenas de novas espécies, porque a identificação com o jogo acaba sendo um pouco distanciada, principalmente por aqueles que tiveram apenas uma única experiência com Pokémon.

Fale o que quiser sobre as Alola Forms, mas a Ninetales de gelo é magnífica a todos os olhos

Aí entra o efeito comercial das formas de Alola. Primeiramente, vale destacar que o reconhecimento público frente a certos Pokémon é muito maior na medida em que os primeiros jogos da série, até por conta do anime, são os mais populares entre o público comum. E se ainda estiver na dúvida, apenas veja o que Pokémon GO conseguiu alcançar apenas promovendo os monstrinhos da primeira Pokédex. Até aquele seu amigo que fala que todos são Pikachu acabou se rendendo ao aplicativo.

Em seguida, vale destacar que a nostalgia também aplica um efeito de novidade aos fãs que costumam acompanha a franquia. Cá entre nós: não são muitos os jogadores que se interessam em ter um Rattata ou um Meowth no time. Porém, ter um Meowth sombrio que você nunca capturou em seus 20 de Pokémon é uma experiência nova, ao mesmo tempo em que se trata de uma familiar emoção. Caso você não encontre resistência em aceitar tais mudanças, esse deve ser um momento único na sua vida de treinador.

Retorno ao cenário competitivo
Com a chegada de cada vez mais Pokémon dentro da franquia, é normal vermos novas caras substituindo os tradicionais integrantes de equipes competitivas do jogo. E esse plano de competição sempre foi algo importante para Pokémon, uma forma de engrandecer a série e fidelizar fãs que continuam com seus próprios objetivos após concluir a aventura principal dos games.

Mas como dissemos, as novas opções de monstrinhos acaba deixando os Pokémon mais antigos um pouco fora desse campo. Isso se deve ao fato de que muitos da primeira geração se tornam obsoletos. Novas habilidades surgem, novas combinações de tipos surgem, e vários dos originais de Red/Blue/Yellow ficam um pouco limitados em comparação a seus novos irmãos.

Conhecemos a história trágica dos Cubone e Marowak, mas vamos deixar isso de lado aqui...

Claro, sempre houve um esforço para manter alguns destes Pokémon dentro de sua popularidade original. Os três iniciais de Kanto ganharam megaevoluções, com o Charizard ainda ganhando duas versões diferentes de transformação. Alguns tiveram mudanças de tipo, como os Pokémon Fada, e Pikachu sempre teve incentivos diferentes para os públicos causais e hardcore.

Mas são pontos de exceção, com as formas de Alola chegando com a capacidade de promover aqueles que ficaram para trás. Marowak recebe sua nova variação Fogo/Fantasma, algo que era estritamente exclusivo da família de evolução do Chandelure. Enquanto isso, Raichu ganha a inédita habilidade Surge Surfer, que pode servir como uma valiosa ferramente aos usuários de tipos elétricos.

Podemos esperar que o circuito profissional de Pokémon volte a ter alguns rostos conhecidos de volta ao pódio de campeões, tudo com o devido mérito às variações de Alola.

Queremos mais?
A resposta vai variar de pessoa para pessoa. Mexer em muitos personagens já consolidados dentro de uma série costuma gerar uma dose de desconforto aos jogadores. É uma resistência natural às mudanças, mas é só enxergar isso com outros olhos. No caso, os olhos de alguém que tem o planeta inteiro como exemplo de que as mudanças fazem parte da vida.

Existe um certo frescor inédito em Pokémon ao vermos essas variações. Além de ser a renovação do antigo, é também nostalgia e ampliação de um mundo gigantesco do qual Pokémon se propôs a ser. Então, a resposta que deixamos aqui é a seguinte: queremos mais, e queremos conhecer ainda mais do mundo de Pokémon!

Alola, pode mandar mais!

E vocês, gostam das formas de Alola em Pokémon?

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