Nossa experiência como visitantes do Anime Friends 2014
Por Mario Toledo
Há 10 anos atrás, eu estava indo ao meu primeiro Anime Friends, e coincidentemente, ao meu primeiro evento de anime. Mesmo depois de tanto tempo, não pude deixar de me animar com a chegada de julho, e junto com ele, mais uma edição do evento.
A décima segunda edição do Anime Friends aconteceu nos dias 17, 18, 19, 20, 24, 25, 26 e 27 de julho em São Paulo, trazendo diversos fãs da cultura pop e oriental para aproveitarem as mais de 200 atrações que o evento proporcionou. Já contamos como foi o espaço da N-Party no evento, mas desta vez, resolvemos contar nossas experiências baseado nos dias em que fomos como visitantes.
De volta ao Campo de Marte
Assim como no ano passado, o Anime Friends aconteceu no Campo de Marte, um aeroportuário para aviões de pequeno porte sob o controle da Aeronáutica (motivo o qual havia diversos militares em serviço durante os dias do evento).
Conheço muita gente que reclama, incansavelmente, das alocações do lugar. Pode até ser que o ambiente não seja melhor que o Mart Center (que por um acaso, está caindo aos pedaços), mas o evento se adaptou muito bem ao lugar. E sinceramente, acho que a estrutura é muito parecida com os demais Comikets que acontecem no Japão, e isto é algo muito positivo. O único problema foi a chuva do segundo final de semana, que ferrou com os espaços abertos do espaço.
A entrada no evento foi bem planejada. Ambas as filas para quem tinha ingresso ou para quem iria comprar na porta foram organizadas na parte de dentro do Campo de Marte, garantindo uma segurança maior para o visitante. Comprei ingressos para ambos os Sábados, e não lembro de ter demorado mais que 30 minutos para entrar no local.
Esperar a abertura dos "portões" não foi nem um pouco chato. Pelo contrário: graças a membros da organização (vulgo staffs) que entreteram o público durante a espera, tive bons momentos de descontração.
Por falar nos staffs, todos foram muito simpáticos desde o começo, e vi muitos tentando ajudar na abertura do evento, apesar do público ignorar os pedidos de segurança e entrar correndo no lugar, atropelando uns aos outros (otaku é otaku, não tem jeito).
Assim como no ano passado, o evento contou com um enorme espaço aberto para o público trafegar e tirar fotos, além de espaços cobertos por tendas, aonde ficaram localizadas as demais stands e outros ambientes montados para a realização das mais diversas atrações.
Logo na entrada, o visitante dava de cara com o palco Coskê, onde, além de apresentações do Animekê, também rolaram desfiles e competições cosplayers, além de apresentações culturais, como exibição de artes marciais e shows de stand-up.
Ao lado, estavam as demais stands de produtos para o público otaku, como gashapons, pelúcias e outros acessórios. O ambiente estava mais largo e com várias saídas, permitindo que o público trafegasse sem muitas dificuldades.
Mini-eventos para públicos específicos
O Anime Friends contou com pequenas áreas que concentraram atrações para públicos específicos. Na Comic Fair, o visitante dava de cara com as estandes de editoras de mangás e quadrinhos, além de poder acompanhar palestras e apresentações de profissionais da área editorial e de dubladores famosos.
Conforme divulgado nas redes sociais, a Panini lançaria o mangá de Kuroko no Basket no Anime Friends, juntamente com Ansatsu Kyoushitsu (vulgo Assassination Classroom). Bem, a estande da editora estava abarrotada quando cheguei. Procurei pelo mangá de Kuroko no primeiro fim de semana e não encontrei. Até conversei com uma atendente, que me informou que os mangás haviam acabado e que eu só conseguiria comprar através da assinatura, que custava em torno de R$ 28 mensais e que incluia o mangá de Kuroko e Ansatsu Kyoushitsu (que por sinal, é bimestral).
Como consegui uma folga para visitar o evento no segundo fim de semana, aproveitei para dar uma passada na sexta, 25, no estande da Panini, e pra minha surpresa, a editora havia estocado novamente os volumes de seus lançamentos, e pude comprar Kuroko no Basket com um desconto de 20%.
Logo em seguida, dei uma passada no estande da New Pop, que também estava com lançamentos. Um deles era o mangá Usagi Drop, que estava custando a bagatela de R$ 18. Deixei o volume como estava na prateleira e fui embora.
Bastava dar uma passada na revistaria Hijikuro para ver se encontrava algum dos novos volumes dos mangás que estou colecionando.
Depois de 30 minutos de fila, entrei no ambiente e não vi nenhum volume que não tivesse sido lançado nas bancas perto de casa ou do trabalho. No final, minha carteira agradeceu.
O EIRPG contou com muitas estandes de importadoras de jogos de tabuleiro, onde o público pode se sentar para jogar as novidades oferecidas por cada empresa, além de poder comprar livros de fantasia e RPG oferecidos pelas demais editoras.
Já na Colecon, os visitantes puderam ver exposições e realizar trocas com outros colecionadores, além de comprar ítens exclusivos na Semaan, enquanto na Jedicon, os fãs de Star Wars puderam se encontrar no espaço do Conselho Jedi e discutir diversos conceitos do universo criado por George Lucas, além de poderem comprar pequenos acessórios nas estandes do ambiente.
Os fãs de bonecos de plástico também tiveram um espaço garantido no evento, podendo ver exposições de Lego e Playmobil, além de comprar coleções e peças a parte de cada uma das séries.
Quase passamos fome na praça de alimentação
O último evento que havíamos participado antes do Anime Friends foi o Festival do Japão, onde havia uma infinidade de lugares para se alimentar a um preço aceitável. No Anime Friends, foi o oposto: o valor da comida estava muito alto, e haviam poucas coisas para se comer. No domingo, foi praticamente impossível comprar alguma coisa na praça de alimentação devido a lotação.
A única coisa boa é que os visitantes podiam sair do evento para caso quisessem se alimentar pelas redondezas e voltar quando bem desejasssem.
A evolução dos banheiros químicos
Uma das grandes reclamações do público do ano passado foi em relação aos banheiros químicos disponibilizados para quem quisesse fazer suas necessidades.
Bem, neste ano, a organização investiu em containers que abrigavam um banheiro com múltiplos toaletes e pias (alguns até mesmo com mictórios), em condições muito melhores do que as do ano passado.
A solução foi ótima, apesar de faltarem mais banheiros no domingo, e da água ter se esgotado em determinados momentos.
Não faltaram atrações internacionais de peso
Este Anime Friends ficou marcado pela presença de inúmeras bandas internacionais, que lotaram o palco principal durante seus shows. A banda Flow e a Oreskaband já haviam vindo em eventos passados, e voltaram a realizar apresentações incríveis (a fofa da Ikasu, vocalista e guitarrista da Oreskaband, até mesmo subiu ao palco durante o show da banda Wasabi para um dueto de Jitensha)
A banda Back-On realizou um show no Sábado, do qual pude tive o privilégio de comparecer e prestigiar uma das melhores apresentações que eu já fui (se eles tivessem tocado Over, sem dúvida, teria sido a MELHOR que eu já tinha visto). Diga-se de passagem que a compra do HotZone valeu muito a pena onde, por míseros R$ 40, pude acompanhar o show com tranquilidade na frente do palco, e ainda deixar minha mochila no chão.
Não pude acompanhar o show do An Cafe, e não compareci aos demais shows realizados. O cantor Koji Wada, compositor de muitas das músicas originais de Digimon, também não pode comparecer ao evento devido a um problema em suas costas. Uma pena.
Cosplayers e o YCC
Cosplayers, cosplayers por todo o lado! Por onde andássemos, sempre havia algum cosplayer posando para fotos. É uma pena que a segunda semana tenha sido tão fria, pois muitos projetos se baseavam em personagens de pouca roupa, obrigando alguns cosplayers a desistirem do uso da roupa no evento.
Estas e outras fotos você pode encontrar em nosso álbum do Facebook.
O próprio evento garantiu um grande suporte para os cosplayers, com um vestiário público para quem quisesse se vestir, além de concursos e desfiles realizados diariamente, que pontuaram os participantes no circuito.
Além do concurso padrão, o Anime Friends ainda contou com a realização do YCC, a competição cosplayer de "alto nível" da Yamayo.
No YCC Brazil, 15 participantes, que ganharam suas vagas em concursos realizados ao redor do Brasil, subiram ao palco para apresentações tradicionais e livres. Não vimos quem foram os vencedores, e está difícil saber pelos sites oficiais ou redes sociais, mas das apresentações que vimos, aplaudimos de pé (até porque, não podíamos sentar) a do Johny Santiago, de Raiden de Metal Gear Solid Rising.
O YCC International trouxe diversos cosplayers vencedores de competições ao redor do mundo, que competiram na categoria Play, além de realizarem um desfile na categoria Cos para mostrar os detalhes de suas roupas. Entre os jurados, estava a Reika, famosa cosplayer japonesa, que ainda realizou uma sessão de fotos com os fãs brasileiros.
Mas... E os joguinhos eletrônicos?
O Anime Friends, tradicionalmente, conta com a Press Start para a realização de um espaço para os fãs de jogos eletrônicos. O fato é que a Press Start foca apenas em jogos de luta competitivos, premiando os vencedores com prêmios como um Apple TV, tablets e outros aparelhos eletrônicos.
Fora a Press Start, os únicos lugares em que se poderia aproveitar para se jogar video-game eram nos demais espaços da Level-Up, espalhados pelo evento. O estande principal da empresa até contou com um ambiente muito próximo do que temos visto em campeonatos de eSports, além de realizar atividades para interação com o público e apresentações especiais.
A estande da Bandai também contou com algumas apresentações dos seus jogos para os atuais consoles de mesa. Só é uma pena que todos os jogos apresentados fossem para o PS3, incluindo o One Piece: Unlimited World Red, que era, originalmente, exclusivo para o 3DS.
Já a estande da Red Zero e da SaGa cumpriram com o papel de colocar jogos aleatórios para o público entrar no ambiente, assinar um cupom com seu nome, email e telefone e receber, futuramente, uma ligação ofcrecendo 70% de desconto em um de seus cursos baseados em jogos eletrônicos.
Se considerarmos apenas as estandes, então faltou algo que fosse menos comercial e que fosse focado, exclusivamente, no público. Porém, falamos com a boca cheia que nosso espaço, em parceria com a PSParty, permitiu que o público se divertisse a vontade, mesmo que com pouco conforto. E não só nós, como nossos parceiros da Liga Oficial Pokémon de São Paulo e da Dance Party também trabalharam duro para montar um ambiente favorável para a galera que gosta de se divertir com games.
E no final...
É difícil fazer um balanço geral do Anime Friends. Vou no evento desde que eu tinha 14 anos, e continuo indo para encontrar pessoas que dificilmente eu vejo no meu dia a dia, além de pessoas queridas que só posso ver de relance (e só se eu tiver muita sorte). E por este motivo, ainda é satisfatório ir no evento.
Mas se pararmos para pensar, o evento foi igualzinho ao do ano passado, exceto pelas novas atrações internacionais, e algumas (pequenas) mudanças na estrutura. De fato, ficou muito melhor a estrutura erguida para os demais espaços temáticos, mas nós da N-Party e nossos parceiros da PSParty ainda saímos prejudicados, pra variar, graças ao descaso de pessoas específicas (das quais não vou citar o nome, mas que estou costurando bonecos de vudu). Se não fosse pela colaboração de nossos amigos da FairPlay Brasil, quase não teríamos estrutura para este evento.
São 11 anos de evento, que não muda. 11 anos de tradição, que está ficando para trás se comparado aos eventos focados em games que acontecem no país. Como alguém que vai no Anime Friends há tanto tempo, ainda torço por uma renovação da equipe administrativa, que incluam pessoas de mentes abertas, capazes de compreenderem o que o público de hoje em dia espera. Mas é difícil, até porque, não importa o que a organização faça, sempre haverá um público disposto a pagar o preço do evento e consumir seja lá o que estiver nele.
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