Todo mundo que veio da geração Super Nintendo, e cansou de terminar dezenas de vezes o incrível Super Mario World, ao comprar o Nintendo 64 teve como seu primeiro jogo Super Mario 64. Ok, pode não ter sido “todo mundo”, mas vamos considerar que 90% das pessoas o fizeram.

O Nintendo 64 foi uma mudança radical na forma de se jogar videogame, com seu super controle em forma de tridente, cheio de novos botões. A mesma mudança radical aconteceu com Mario, agora o jogo tinha incríveis gráficos em 3D e um mundo aberto para exploração. Até hoje lembro minhas primeiras impressões no começo daquele jogo inacreditável. Era encantamento, puro e total.

Mario aprovou seu novo jogo

Assim como a Nintendo iria fazer com Zelda posteriormente, ao transpor os jogos do bigode do 2D para o mundo dos polígonos 3D, ela simplesmente não poupou esforços e criatividade, colocando todas as idéias boas que tinham na manga no mesmo jogo.

Tudo foi pensado para funcionar organicamente em Super Mario 64, agora você tem um mundo aberto para exploração. Você pode andar e correr para todos os lados e o direcional analógico tinha a sensibilidade perfeita para que Mario pudesse andar, correr e até dar passos lentos e sorrateiros, úteis em bons momentos da aventura.

Dá até pra dançar com os novos controles

O jogo começa com Mario saindo de um cano (seu meio de transporte favorito) e chegando ao castelo da princesa Peach, onde foi solenemente convidado para comer um bolo. Mas tudo está vazio e estranhamente calmo, e logo ao entrar no castelo ele descobre que a princesa foi sequestrada por Bowser, e agora ele precisa descobrir onde ela está e resgatá-la.

Para isso você precisará acessar cada uma das fases, que estão escondidas em quadros espalhados pelo castelo, e resgatar o máximo de estrelas que conseguir, pois elas abrem as portas dos aposentos e dão acesso a novas fases. Esse sistema de estrelas, inciado em Super Mario 64, marcaria para sempre a trajetória do bigodudo no mundo dos polígonos 3D, e foi uma idéia incrível, pois você acessa a mesma fase várias vezes, nas quais elas sofrem pequenas mudanças para que você possa pegar aquela determinada estrela daquela determinada missão. Mas algumas fases foram tão bem pensadas que, se você for um pouco curioso e explorar bem o cenário, verá que pode entrar em uma missão para pegar determinada estrela e acabar saindo de lá com outra, que era para ser resgatada mais pra frente.

Hello?¿ Anyone?¿

Durante toda a sua tragetória no mundo 2D, Mario foi um jogo de se jogar com apenas um botão. O jogo consiste em pular, pular e pular. Em Mario World novos comandos foram adicionados, principalmente com a chegada do Yoshi, mas na maior parte do tempo você está pulando e pulando. No mundo 3D as coisas não foram muito diferentes, a essência de pular permaneceu a mesma, e 1 botão era tudo o que o encanador precisava, mesmo em 3D. O que mudou dessa vez foram as diferentes formas que você podia executar essa simples ação de pular, que vai do pulo simples nosso de cada dia, passando pelo sensacional pulo triplo até chegar ao incrível wall jump (este último que, apesar de hoje em dia todos sabermos como dominar com maestria, tirou o sono de muita gente na fase do tapete mágico).

É fã de Mario, jogou Super Mario 64 à exaustão e não sente nostalgia vendo essa foto?¿ POSER

Super Mario 64 é tão inovador e inventivo, que uma de suas características mais criativas pode ser vista nos primeiros segundos de sua aventura, que é a câmera. Em jogos 3D muito se fala de posicionamento de câmera, a câmera não ajuda, então resolveram que em Super Mario 64 literalmente existiria uma câmera filmando o herói o tempo todo, e ninguém melhor para fazer isso do que Lakitu, já que ele tem sua super nuvenzinha voadora. Uma das melhores partes do jogo é chegar à sala de espelhos e ver Lakitu atrás de você todo o tempo, te filmando.

Lakitu é um dos personagens mais chatos dos jogos Mario, mas aqui deram uma função legal pra ele.

Cada quadro que você atravessa no jogo te transporta para um mundo diferente, cada um com uma característica que marcou a série, como fogo, areia, montanhas, gelo. São um total de 15 fases principais, mais algumas mini-fases que escondem estrelas secretas.
Das 120 estrelas que você tem que capturar no jogo, 105 estão nas fases principais (cada fase contendo 7, 6 por missão e uma extra por capturar 100 moedas). As outras 15 são consideradas "secretas", e em uma época em que os detonados não brotavam em árvore como é hoje, o jogo nos desafiava a encontrar cada uma delas. Cabia a você descobrir por conta própria que batendo seu próprio recorde no escorregador da princesa valia outra estrela, que alguns Toads espalhados pelo castelo simplesmente te dão uma estrela apenas por falar com eles, ou encontrar a fase secreta no centro do castelo que te dá o chapéu de asas, que te permite voar.

Nunca dominei a arte de voar em Super Mario World, porque nesse jogo seria diferente né.

Por falar no chapéu, nesse jogo Mario abandonou suas transformações triviais (flor de fogo, rabinho, etc) e ganhou 3 novos poderes. Todos relacionados a diferentes chapéus. O azul te deixa invisível por alguns segundos, permitindo que você possa atravessar grades e paredes. O verde te transforma em metal Mario, te deixando temporariamente invencível, e o vermelho de dá asas, permitindo que você consiga voar desengonçadamente pelo cenário. Encontrar esses poderes não é um requisito para terminar a aventura, uma vez que você precisa apenas de 75 das 120 estrelas para derrotar Bowser pela terceira vez e fechar o jogo, e você não precisa dos poderes, apenas de uma boa pontaria.

Bowser ficou tão fofo nesse jogo :3 Mas ele é mau, MUITO MAU.

O jogo é desafiador, e traz fases que testam sua capacidade de ficar parado em cima de uma simples plataforma. Hoje nós já estamos calejados de jogar as aventuras do bigode no mundo 3D e conseguimos realizar determinadas ações de olhos fechados, mas em sua própria época, foi um jogo com um nível de dificuldade bem ousado.

Essas fases já tiraram o sono de muita gente.

Luigi foi totalmente esquecido nessa aventura, aqui existe apenas o Mario, e Yoshi, o simpático dinossauro que tinha feito o maior sucesso no jogo anterior, estava o tempo todo dormindo no telhado do castelo, e você só o descobre depois de coletar as 120 estrelas.

Luigi, vá pra casa, você está bêbado.

Tudo nessa aventura é inventivo. Inclusive a tela de início, onde você pode ficar brincando com um modelo em 3D do rosto do Mario, fazendo caretas nele e até deformando completamente sua fisionomia.



Em resumo, Super Mario 64 é um jogo completo, que merece todos os méritos. Um jogo inovador, grande, colorido, divertido, onde os realizadores não pouparam esforços para desenvolver o melhor produto e entregar aos fãs da série um material que, para sua época, chegava bem perto do inacreditável, e que até hoje desperta nostalgia no coração de todos os fãs.